terça-feira, 10 de agosto de 2010

Vale tem 40% dos desaparecidos de SC

Maioria dos sumiços tem causas voluntárias

Dos 55 desaparecidos no Estado, 22 são do Vale. Famílias mantêm esperança de achá-los.

Charles Klotz conta o tempo sem o irmão Fabio, desaparecido desde março de 2009, em Pomerode. Mesmo passados 524 dias, as esperanças de encontrá-lo continuam latentes. Cartazes foram espalhados pela cidade, amigos e vizinhos foram acionados, mas a família ainda não obteve pistas do paradeiro de Fabio. Era uma sexta-feira à noite quando o auxiliar de serviços gerais voltava para casa, dirigindo seu Astra. A família encontrou o carro estacionado numa ruela do Bairro Pomerode Fundos. Fabio era saudável e morava com a mãe e o irmão.

– Enquanto não acharmos pistas, ainda teremos força para encontrá-lo – garante Charles.

A mesma aflição é sentida pela família de Kerly Tania Barbetta. Agonia que se estende desde 14 de setembro de 2008, quando teve notícias pela última vez da mãe, Anita Passold, 56 anos. Ela foi vista na Rodoviária de Blumenau, voltando de Ascurra, onde foi visitar o marido. A família registrou boletim de ocorrência, espalhou cartazes e e-mails, mas não teve sinais da professora.

– Às vezes surge um telefonema, a gente corre atrás em busca de uma pista, mas descobre que não era ela – lamenta Kerly.

Os dois casos são os mais recentes do Vale do Itajaí e ajudam a endossar a lista das pessoas que estão desaparecidas na região. Com 22 sumiços, o Vale é responsável por 40% dos casos registrados no Estado. A maioria é de pessoas adultas e aparentemente saudáveis.

Em alguns casos, investigação fica em segundo plano

Delegado Geral da Polícia Civil, Ademir Serafim atribui os números altos do Vale unicamente à consciência das pessoas da região de registrar o desaparecimento de familiares. Mas a agonia das famílias resiste ao passar do tempo, mesmo sem respostas. Um dos casos mais antigos do Vale é o da adolescente Luana Franzel, desaparecida desde 2002, em Penha. Casos assim continuam sendo investigados, mas em segundo plano, quando surgem novas pistas.

Maioria dos sumiços tem causas voluntárias

Mensalmente, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) recebe, em média, registro de 15 desaparecimentos em todas as regiões. Os casos autorizados pela família são inseridos na lista disponível na página eletrônica da Secretaria Estadual de Segurança Pública, para consulta popular.

Responsável pelo cadastro dos adultos no Estado, o agente da Polícia Civil Cássio Clay Bortoli estima que 80% dos casos têm causas voluntárias, quando parte da vítima a intenção de se afastar dos familiares.

– Muitas vezes é vontade própria de não manter mais contato com a família, após desentendimentos – explica.

Os outros casos são motivados por envolvimento com drogas, problemas mentais ou psicológicos e vítimas de acidentes ou violência. É a delegacia da cidade onde foi originado o boletim de ocorrência que tem responsabilidade de investigar as causas de sumiço. Em caso de desaparecimento voluntário e que não envolva delitos, a autoridade policial não pode atuar.

– Só somos mobilizados quando há suspeita de um crime por trás do desaparecimento – resume o delegado da Deic Renato Hendges.

JSC - CRISTIAN WEISS

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