sexta-feira, 25 de junho de 2010

Governo de Alagoas já estuda remover cidades destruídas por chuvas

Chuvas já forçaram mais de 150 mil pessoas a abandonarem suas casas

João Varella, do R7

O governo de Alagoas já estuda remover cidades, ou parte delas, que foram destruídas pelas chuvas dos últimas dias que mataram mais de 30 pessoas no Estado. Na próxima segunda-feira (28), secretários do Meio Ambiente de Alagoas e de Pernambuco, onde ao menos 17 pessoas morreram, se reunirão com representantes da ANA (Agência Nacional de Águas) para discutir o tema e mapear as áreas de risco da região. Ao menos 45 cidades já decretaram emergência e 26 estão em situação de calamidade pública. O número de pessoas fora de suas casas já passa de 154 mil.

As chuvas que atingiram os Estados de Alagoas e Pernambuco nos últimos dias já deixaram 45 cidades em situação de emergência e outras 26 em estado de calamidade pública.

Os governos de Alagoas e Pernambuco divergem sobre a questão - enquanto os alagoanos consideram a remoção de comunidades, os pernambucanos avaliam, a princípio, que tal medida não será necessária. O secretário do Meio Ambiente de Alagoas, Alex Gama, não descarta o uso da força policial para retirar as pessoas.
– Não acredito que seja preciso chamar a Polícia Militar, já que as pessoas estão sensibilizadas com o tema. Mas não vamos hesitar em fazer isso, se necessário.

Segundo o secretário, que é mestre em hidrologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), será avaliada a remoção de cidades que ficam nas bacias dos rios Mundaú (Santana do Mundaú, União dos Palmares, São José da Lage, Branquinha, Murici e Rio Largo) e Paraíba (Quebrângulo, Paulo Jacinto, Vistosa, Cajueru, Capela, Atalaia e Pilar).

Renata Moraes, prefeita de Branquinha (AL), cidade a 56 km de Maceió, defendeu que sua cidade seja reconstruída em um novo lugar após ser destruída pelas chuvas.

Secretário-executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Alex Gama diz que vai articular com prefeitos um monitoramento das margens dos rios para evitar que elas voltem a ser ocupadas. Valmir Alburquerque Pedrosa, doutor em recursos hídricos da UFRGS e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), define como “essencial” o cumprimento das regras de uso e ocupação do solo para a remoção das comunidades.

– Já que o governo prometeu reconstruir as casas, que as faça em outro lugar, sem risco de uma nova tragédia.

Barragens

A reportagem do R7 ouviu especialistas sobre o que fazer para evitar uma tragédia como essa. Além da remoção das cidades, especialistas defenderam a construção de barragens para controlar a vazão dos rios. Desde a última quinta-feira (17), mais de 150 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, segundo a Defesa Civil dos dois Estados.

Além de controlar o fluxo dos rios, as barragens formam lagos que podem ter outro uso, como geração de energia e pesca. A quantidade de barragens e a capacidade ainda devem ser estudadas, segundo Gama. Para o biólogo Mário Moscateli, professor de gerenciamento de ecossistemas da UniverCidade (Centro Universitário da Cidade) do Rio de Janeiro, é importante que o governo leve em consideração levantamentos técnicos que podem ser realizados por faculdades locais antes de iniciar as obras.

Já para o professor do Departamento de Ciências do Ambiente da PUC-SP Paulo Roberto Moraes, doutor em geografia física pela USP (Universidade de São Paulo), as chuvas estão fora da normalidade esperada para a região. Segundo ele, não convém fazer obras para uma condição que deve demorar a se repetir.

Nenhum comentário: