sábado, 19 de junho de 2010

Policiais militares flagrados espancando homem em Florianópolis são denunciados por agressão

Eles são acusados de crimes de lesão corporal e prevaricação

Os dois policiais militares flagrados há três meses espancando um homem desarmado no Bairro Coqueiros, em Florianópolis, foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público Estadual (MP).

Eles são acusados dos crimes de lesão corporal e prevaricação — deixar de fazer o que sua função pública exige, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. As penas máximas a que estão sujeitos em caso de condenação são de até três anos de detenção.

A denúncia do MP foi enviada à Justiça Militar da Capital. O promotor Sidney Eloy Dalabrida pede a condenação do cabo Abel Cardoso e do soldado Eduardo Patrício de Souza. Os dois são do 22º Batalhão da Polícia Militar, no Continente. Depois do flagrante da agressão pelo Diário Catarinense, eles foram afastados do policiamento ostensivo e passaram a trabalhar no setor administrativo do quartel.

O promotor pediu a condenação dos policiais com base no inquérito policial militar da PM. Na manhã do dia 5 de março, consta que os policiais que trabalhavam na base de Coqueiros foram procurados por uma mulher. Ela relatou ter sido seguida por um homem que tirou a roupa e se masturbou na sua frente e que isso se repetia há dois anos.

Com a mulher na viatura, os PMs fardados foram à casa do suposto homem. Mas ao invés de levá-lo à delegacia, os policiais o agrediram com golpes de cassetete nas costas e nádegas, chutes e tapas no corpo. Um dos policiais o atinge com um pedaço de madeira. O homem estava dominado e com os braços para trás. A cena durou dez minutos e foi registrada pela reportagem. Depois do espancamento, os policiais liberaram a vítima e saíram do local.

De acordo com o promotor, para ocultar a ação delituosa, os policiais deixaram de proceder os devidos registros junto ao Centro de Operações da PM (Copom).

Na denúncia, o promotor cita que o ato foi flagrado pela equipe do DC, que documentou o ocorrido tornando os fatos de conhecimento público e com grande repercussão. O promotor disse que os policiais admitiram no inquérito que agrediram o homem porque ele havia mostrado as partes íntimas a uma mulher.

Contraponto

Procurados nesta sexta-feira pela reportagem através da assessoria de comunicação da Polícia Militar, os policiais militares Abel Cardoso e Eduardo Patrício de Souza disseram que não teriam interesse em se manifestar sobre o episódio. A PM não divulgou os seus telefones e nem os seus advogados. O DC tentou ouvi-los por advogados da Associação dos Praças de SC, mas não teve sucesso.

O flagrante

Na edição de 7 de março, o DC publicou reportagem que mostrou o flagrante de dois policiais militares espancando um homem desarmado na manhã de 5 de março, em sua casa, no Bairro Coqueiros, parte Continental de Florianópolis.

— Durante 10 minutos, a reportagem testemunhou os dois policiais agredindo o homem, que não reagiu. A vítima levou tapas no rosto e golpes de cassetete e de um pedaço de pau. A cena foi registrada em 141 fotos.

— Depois das agressões, os militares fardados foram embora em uma viatura. O homem agredido ficou na casa. Dentro do carro da PM, havia uma mulher não identificada.

— Após ver as imagens do DC, no mesmo dia das agressões, a PM e o MP anunciaram abertura de inquérito policial militar para apurar o caso. Na semana seguinte, o comando da PM afastou os dois do policiamento ostensivo e colocou-os no setor administrativo.

Um dos policiais militares disse ao deputado estadual e presidente da Associação dos Praças de SC (Aprasc), Amauri Soares, que espancou o homem por emoção de uma mulher que se dizia vítima de um homem que fazia atos obscenos. 

Diário Catarinense registrou a agressão em 141 fotos e mostrou os   ferimentos sofridos pelo homem - Foto:  Ricardo Duarte7860376_thumb[2]

Fonte: Jornal de Santa Catarina – Repórter: Diogo Vargas

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